sábado, 9 de fevereiro de 2013

BBB


Faz anos que ensaio para escrever um discurso sobre o BBB, mas acabo desistindo todas as vezes; primeiro porque não tenho mesmo muita paciência para opiniões contrárias e segundo porque sempre acabo me deixando levar pelo argumento de que não preciso convencer ninguém de nada
.
Hoje saberei se finalmente vou manifestar minha opinião só depois de escrever e reler: aí opto por postar ou guardar minhas belas ideias novamente! Kkkk

Enfim, eu assisto ao BBB. Assisto, assumo, não vejo problema nenhum em admitir e não, não acho que todos os problemas do mundo existem por culpa do BBB. Também não acho que é um programa educativo e que vai acrescentar algo ao meu intelecto, mas e daí? Quantas coisas fazemos por pura distração ou até por pura futilidade? E não me venham com demagogias, porque todos nós temos os nossos momentos de futilidade, uns mais, outros menos, é verdade.

Aí tem gente que fala para mim que eu sou muito inteligente para ver BBB. Eu justamente estou tranquila com meu nível de inteligência a ponto de não precisar ser anti BBB, anti-sertanejo universitário, anti carnaval, anti copa, etc. para provar alguma coisa. Além do mais, prefiro ser a favor do que anti, sempre, e isso é extremamente possível se soubermos lidar com as palavras.

Mas voltando ao BBB, tem gente que critica a futilidade do programa, mas assiste à vida da vizinha, da namorada do bonitinho, do peguete da fulaninha... Eu, pelo menos, assistindo ao BBB, me sinto politicamente correta, pois to fofocando a vida de quem assinou contrato permitindo isso! rs...

Não é apologia ao BBB; existem, realmente, muitas coisas melhores para se fazer com o tempo livre, mas existem também piores e outras igualmente inúteis que eu tenho certeza de que VOCÊ faz (nem que for escondidinho! :P) Isso é um apelo à liberdade de multiplicidade de personalidade, pois somos várias coisas, e não precisamos ser anti qualquer-coisa-da-moda para nos provarmos melhor. Eu sou inteligente, às vezes burra, culta, às vezes fútil, coerente, às vezes não.

Eu sou uma mistura de coisas, de sensações e cheia de ambivalências e, quer saber? Isso não me faz pior do que ninguém, muito menos melhor. Sou simplesmente humana, assim como você. E assisto ao BBB. Agora me dêem licença, por favor, que o programa vai começar!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pré-postagem do post posterior

Aquele momento em que bate uma vontade louca de expressar os pensamentos em palavras e mostrar pro mundo, só que não! rs
Ando lendo as crônicas da Martha Medeiros, amo algumas, outras nem tanto, mas de qualquer forma é sempre interessante ver alguém se expressar em palavras, falar de opiniões, mexer com o que vc próprio pensa e formar ainda mais quem vc é...
Não tenho a pretensão de ter uma coluna como ela, mas aqui eu posso ter a ossada inteira! Ok, péssima piadinha.
Na verdade, eu estava tomando banho e pensei em muitas coisas legais que eu queria expressar, pelo menos me pareceram legais enquanto estavam na minha cabeça.
Acontece que acho que todas elas desceram pelo ralo junto com a minha sujeira e aparentemente não estou conseguindo expressar nada do que queria.(mas estou cheirosa e limpa!) Então guardarei o belo post pra um momento posterior. Post posterior, sacou?
Pq agora só estou conseguindo piadinhas sem graça. Então vou mudar de título, pq o original é bonito demais para ser desperdiçado agora! rs
Bjs pra ninguém; não vou divulgar esse post e é improvável que ele seja lido.
Ninguém, seu lindo! =]

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Escolhas


Sempre gostei daquela frase clichê "Cada escolha é uma renúncia", por achá-la muito verdadeira.
Mas eu modificaria essa frase. Algumas vezes, uma só escolha traz várias renúncias.
É engraçado que, quando a gente decide se "livrar" de alguma coisa, toma essa decisão pensando em todas as coisas ruins que essa coisa nos traz e, depois, quando a gente vem a sentir falta dessa coisa, é porque pensamos em todas as coisas boas que a mesma coisa trazia consigo.
A gente não pode dividir alguma coisa ou alguém, e escolher só as partes boas ou ruins; quando você aceita coisas/pessoas/ eventos em sua vida, tem que aceitar o pacote.
Não dá para terminar só com a chatisse do namorado e ainda ficar com os beijos e risadas! Não dá para mudar de cidade e continuar próximo das mesmas pessoas todos os dias. Não dá para desistir de viajar e ter as experiências boas da viagem! Enfim...
Por isso, nossas escolhas devem ser muito bem pesadas. Para decidir se "livrar" de alguma situação, precisamos ter certeza (ou pelo menos tentar) de que a ausência das coisas ruins que essa coisa causava em nossas vidas vai ter peso maior do que a falta que as coisas boas vão fazer.
Eu faço minhas escolhas conscientemente e, na grande maioria das vezes, ciente de que não me arrependerei. Mas, ainda assim, a ausência das partes boas dói...
Se não fosse assim, ninguém teria dificuldade em tomar decisões. Quem pensaria duas vezes antes de se livrar de algo totalmente ruim? Acho que ninguém! Agora, quem teria coragem de abdicar de várias coisas boas em busca do que realmente quer na vida? Essa já é um pouquinho mais difícil de responder.
E aí vem a diferença entre as pessoas que tem coragem e as que não tem; ambas pagam seu preço.
Muita gente se queixa de estar em uma situação que não gostaria por não ter escolha. Mas isso não é verdade. Sempre temos escolha. O que acontece é que, muitas vezes, não estamos dispostos a pagar o preço das renúncias que cada escolha traz.
"São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades", já dizia o mestre Dumbledore! rs
É isso.
Escolhas fazem parte da vida e acabam por revelar quem realmente somos! Façamos nossas escolhas muito conscientemente! Boa semana!

sábado, 14 de julho de 2012

Hansel and Gretel


O título do post é porque descobri hoje que o título original do famoso conto "João e Maria" é esse. É, não se diz "John and Mary"! rsrs... As coisas, muitas vezes, são diferentes do que a gente acha que é.
Recentemente, uma amiga minha (futura psicóloga) disse que faço muitas associações livres. Não questionei. Eu faço mesmo. E esse blog é meu espaço para minhas associações livres... rs
Estou assistindo ao seriado "Once upon a time"; recomendo muito, aliás! E ele fala sobre contos de fadas, em uma releitura, claro, misturados com a atualidade e a "realidade". E o que é realidade afinal?
Quando passo muito tempo dentro de um mundo imaginário por meio de livros ou filmes, às vezes me pego me imaginando em uma história também. Quando eu era criança, costumava pensar que tinha alguém me observando, tipo um Big Brother na vida real. E eu tentava fazer coisas legais, imaginando que alguém estava vendo, que eu fazia parte de uma história, de uma fantasia.
De vez em quando, isso ainda acontece. Principalmente quando entro muito em algum mundo desses, que alguém criou para nos distrair da monótona "realidade".
Muita gente diz que a felicidade é uma ilusão, que isso ou aquilo é uma ilusão. Eu me pergunto o que não é uma ilusão. É mesmo possível diferenciar tão facilmente a ilusão da "realidade", o sonho, etc? Tenho minhas dúvidas e, sinceramente, tudo fica muito mais legal com uma pitada de ilusão e fantasia. Acho saudável fantasiar, sonhar... E até acho que "realidade", no fim das contas, é o que a gente acredita ser. Por isso, pretendo continuar ao máximo encontrando caminhos que me levem a mundos tão interessantes da imaginação, para misturar com esse outro mundo considerado mais "normal", e cuidar muito para que ele nunca seja normal demais!
Bom sábado! : )

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Retornando...

Ontem, postei na minha página do facebook: "Como gosto de ler coisas antigas que escrevi, lembrar, relembrar, repensar... sempre gostei! Freud explica??".É até engraçado o quanto isso é verdadeiro. Não sei se é normal, mas adoro escrever e depois reler meus pensamentos. Em 2001, comecei a fazer um diário e escrevi por todos os dias do ano de 2001 a 2009, aí acho que cresci um pouco e cansei. rs... Mas sempre gostei disso.Hoje passei um tempão relendo um blog que fiz na época que morei nos EUA como au pair; li postagens, comentários, etc. Senti aquela nostalgia gostosa de olhar p/ trás e ver que tudo que a gente passa vira experiência p/ nossa vida!

Em vários comentários, pessoas diziam: "Você escreve bem, deveria escrever um livro!". Já tive vontade, quando leio isso, me animo... Mas aí penso: eu não tenho ideias criativas para escrever de um mundo fictício, ou poesia ou nada do tipo, eu não tive nenhum sonho milionário como a escritora de Twilight ou uma ideia milionária como a escritora de Harry Potter. Eu gosto de escrever sobre mim, minhas ideias, meus pensamentos/sentimentos/questionamentos e seria um pouco egocêntrico e inútil fazer um livro sobre mim.O que eu tenho de tão interessante que faria com que as pessoas quisessem ler sobre mim? Não sou dona de nada muito importante além de meu próprio nariz (e olhe lá!), não apareço na TV, graças a Deus não estou nem estive envolvida em nenhum tipo de crime famoso, nem fiquei famosa sendo puta como a Bruna Surfistinha... enfim! rs

Mas a vontade de escrever vem mesmo assim, como se fosse algo que nasceu comigo. Mesmo sem ser poético, sem ter lá grande potêncial literário, preenche minha alma, de uma forma ou de outra. Então achei que a solução seria mesmo um blog, bem mais prático que um livro. Qualquer Zé pode ter um blog, eu também posso ter o meu. E aí me lembrei do show da Sandy que fui na última sexta-feira (06/07/12) na minha cidade.

A Sandy foi uma das paixões da minha infância; graças a ela me interessei pela música e descobri que cantava bonitinho e até me meti a ser cantora por algum tempo. Mas eu cresci, e a Sandy perdeu bastante do brilho e do encanto que tinha para mim. Ainda assim, uma amiga que gosta muito dela e foi ao show ficou sabendo que teria um na minha cidade e me indicou; então resolvi ir, ver como está atualmente, sentir uma nostalgia básica e tal. Ela é sim muito talentosa, sua voz ao vivo é de arrepiar, mas eu particularmente não gostei muito do show. Ela realmente perdeu bastante a cor que tinha para mim, e outro grande problema, na minha opinião, foi o repertório. Todas as músicas bem paradas e tal, que não dá para evitar sentir um tédio.Mas a sacada é: dane-se! A Sandy pouco se importa se algumas pessoas vão sentir tédio ou não. Ela tem fama e dinheiro suficientes para não precisar mais de multidão nenhuma a seguindo; ela canta o que quer, como quer, satisfaz seus desejos e, ainda assim, sempre tem uma galera que acompanha e admira e etc.

Aí volto à ideia do blog. Não sou como a Sandy no fato de ter fama e dinheiro sobrando, mas também não preciso agradar ninguém e não preciso de público. Vou escrever o que eu quero, o que tiver pensando, refletindo... assim posso sempre voltar e sentir minhas nostalgias tão adoradas. Se alguém gostar de ler meus devaneios, fiquem à vontade... Se não, fiquem à vontade também. O livre arbítrio é uma coisa linda de Deus! rs ... Não pretendo ter um blog cheio de acessos nem ser famosa na internet. Aliás, o que pretendo é uma grande e complexa questão. Eu também não sei. Mas quero também escrever sobre isso, pois agora é assustador não saber o que quero do futuro, etc., mas um dia vai ser legal ler sobre isso também. Por isso a literatura é tão maravilhosa, né? Sofrer é ruim, mas transformar o sofrimento em palavras se torna belo.... incrível! haha.Vai ver é isso também, fuga da dura realidade e transformação dela em algo belo; pode ser isso que venho tentado fazer desde 2001, ou talvez antes, quem sabe!É isso! O blog está aí, reinaugurado. Tenho só 2 posts anteriores e vou manter, pois gosto deles.Um bom inicio de semana!

sábado, 19 de março de 2011

Desencorajar futuros professores...

Esse assunto sobre professores e escolas públicas acabou me tomando com certa paixão hoje, então decidi escrever mais sobre ele, também para auto-reflexão e para colocar as idéias no lugar. O twitter, definitivamente, não é um lugar adequado para grandes e complexas argumentações, então aqui estou eu.
Publiquei o seguinte tweet ontem (18/03/11): “Acho mt chato tds desencorajarem os futuros profs a trabalharem em escolas públicas. Se tds pensarem assim, não haverá mais profs no futuro!”.
Obviamente, isso que eu disse é uma afirmação lógica. Se todos desencorajam os futuros professores a trabalharem em escolas públicas e todos pensarem assim, os futuros professores não trabalharão em escolas públicas, logo: um dia, no futuro, não haverá professores. Certo? Mas até aí eu não discuti o certo e o errado desse fato; é apenas um fato e, se a condicional se mostrar verdadeira, a conseqüência será óbvia.
Hoje, a @bruvenancio me perguntou pelo twitter: “vc pretende dar aula em escolas públicas?”. E aí muitos outros pensamentos e comentários surgiram, daí o motivo de eu precisar de um espaço maior para falar sobre eles. É claro que é muito mais fácil falar de uma idéia geral do que aplicá-la a você mesmo! É aquela mesma história da pessoa que diz que não tem preconceito contra homossexuais, e aí a perguntam: “e se fosse seu filho?”. (Novamente, não estou discutindo o certo ou errado disso, mas falando de fatos)
Quando a coisa chega até nós mesmos, é um pouco diferente da afirmação geral, né... Se eu pretendo dar aula em escola pública? Sinceramente, eu não sei. Estudo, gosto do que faço, me dedico e, obviamente, quero ganhar dinheiro no meu futuro e quero o melhor para mim. Mas quem é que não quer o melhor para si mesmo?
Realmente, a realidade das condições de trabalho de professores da escola pública atualmente não se encaixa nos sonhos daquilo que é o melhor para alguém desejar a si mesmo. Por isso, não posso culpar os muitos que nos desencorajam a seguir essa carreira; talvez eles também estejam desejando um futuro melhor para nós.
Mas voltando à afirmação lógica e esquecendo toda a discussão gerada a partir disso: se todos desistirmos, um dia, haverá apenas alunos de escola pública e nenhum professor. E eu afirmei e continuo afirmando que, aí sim, seria o caos total.
É claro que precisamos de melhores condições de trabalho, é claro que todos querem o melhor para si próprios. Baseado nisso, escrevi esse tweet: “Precisamos de melhores condições em mts coisas, mas ñ podemos apenas nos apoiarmos nessa idéia e ficarmos esperando q mude. E se não mudar?”. Se nunca mudar, se nunca melhorarem as condições, então iremos desistir? Se desistirmos, novamente: não haverá professores no futuro.
Mas, realmente, eu não afirmei que sou eu quem vai tentar mudar essa realidade e continuo não afirmando. Tenho minhas fraquezas, sou humana e, entre uma oportunidade razoável e uma muito boa para mim, não penso duas vezes em optar pela muito boa. Você pensaria? Não quero, de maneira alguma, ser falsa moralista. Na realidade, sequer verdadeira. Ser moralista não é minha intenção.
Ainda assim, a situação me incomoda. Pode não ser o MEU sonho tentar mudar essa realidade, mas pode ser o de alguém. Você entra nas escolas públicas para fazer os estágios de regência obrigatórios nos cursos de Licenciatura e escuta dos professores, coordenadores e diretores coisas do tipo “Tem certeza de que é isso o que você quer?”, “Ainda dá tempo de desistir”, “Siga a carreira acadêmica para não entrar nessa”, etc.
Como eu disse anteriormente, não os culpo. Talvez eles estejam tentando dar um conselho bom para as nossas vidas. Mas é triste ouvir isso, de qualquer maneira. E se fosse MEU sonho tentar mudar isso? E se eu acreditasse? Das dificuldades, todos que se metem a fazer um curso de Licenciatura devem estar cientes, assim como aqueles que não se metem a isso.
Eu gostaria, no entanto, que o foco dessas falas fosse um pouquinho diferente, como: “É, sim, muito difícil, mas vocês, futuros professores, e nós, professores, temos em nossas mãos a chance de tentar fazer dessa realidade difícil algo um pouco menor. Por mínimo que seja, estaremos fazendo a nossa parte”, ou: “As condições de trabalho têm que melhorar muito, sim, mas cabe a nós fazer o nosso melhor dentro das possibilidades que temos hoje e não apenas esperarmos que elas melhorem para começarmos a nos mexer”.
Novamente, não os culpo. É muito bom ter amor pela profissão, mas com certeza amor pela profissão juntamente com bom dinheiro recebido devido à profissão é ainda melhor. Eu diria que o bom dinheiro acelera até o processo químico do amor pela profissão, mesmo que ele não existisse antes. Claro! Mas eu queria que acreditássemos um pouco mais, eu queria um pouco mais de esperança.
E, por fim, o ponto que me incomoda mais nessas falas é o colocar a culpa nos alunos. “Ninguém tem interesse”, “Os alunos são fracos”, “Os alunos não respeitam, são violentos”, etc. Primeiramente, acho isso preconceito, quando dizem isso de alunos de escola pública. Estudei a vida inteira em escola particular e posso dizer que isso acontece também muitas vezes nelas. Assim como muitos alunos brilhantes vêm de escolas públicas. Daí o preconceito.
Os alunos podem, sim, fazer e ser tudo isso: os de escolas públicas e particulares. Então devemos desencorajar todos os professores do mundo? Outra coisa: não é só a profissão de professor que corre risco de lidar com pessoas difíceis. Lidar com ser humano é sempre complexo, acho que qualquer profissional que trabalhe com isso sabe. Muitos profissionais estão sujeitos a serem desrespeitados e violentados injustamente. Da mesma forma que aluno já jogou carteira em professor, comprador já violentou atendente, já atiraram em segurança inocente, etc. Há muitos seres humanos desequilibrados, alunos ou não, de escolas públicas ou não.
E logicamente não são só profissionais que podem ser desrespeitados/violentados/atacados por gente, mas todos nós, no dia a dia, por qualquer um na rua, na escola, no trabalho, em casa... Como podemos não ser! Como professores, atendentes, seguranças, médicos, pilotos, porteiros, etc., podem não ser! Isso não é motivo para desencorajar alguém de determinada profissão. Se for assim, devemos nos desencorajar do mundo e deixar de viver de uma vez. Viver é motivo suficiente para correr risco de morte e ponto. Que bom que corremos riscos, sinal que vivemos!
Parece que eu filosofei demais, mas é verdade. Quero defender o ponto de que essas desculpas que usam para desencorajar professores de o serem serviriam para desencorajar qualquer coisa. Antes de criticar os alunos, o professor tem que saber olhar para si mesmo e ver o que ele está fazendo com suas aulas e qual é a visão que ele tem de seus alunos. Se um professor enxerga seus alunos como fracos e desrespeitosos, com certeza vai tratá-los como tal e receber sempre mais disso. Se um professor enxerga seus alunos como seres humanos em toda sua complexidade e, afinal de contas, como um igual, e o trata com o devido respeito, é mais provável que receba mais respeito em troca.
Bagunça existe é claro. Se lidar com um ser humano já é difícil, imaginem vários de uma vez só. Se lidar com vários adultos de uma vez só é difícil, imaginem crianças com sua energia inesgotável, imaginem pré-adolescentes e adolescentes com todas as mudanças e o turbilhão de emoções que enfrentam... Pessoas que, muitas vezes, não têm ainda maturidade o suficiente para entender por que é que precisam aprender o que estão aprendendo na escola (e, muitas vezes, na verdade, nem precisam!). Pessoas que estão definindo sua identidade, se afirmando, chamando atenção do próximo. Pessoas que erram, acertam, exageram, são, muitas vezes, mal-educadas, outras infantis. Ou seja, pessoas como eu, você, como todos nós.
Sempre existiu e sempre existirá bagunça em sala de aula, seja de escola particular ou pública, se o professor não souber impor seus limites. A receita para isso? Eu também não sei. Não há receita para conviver com outros como nós, cada um com suas particularidades. Mas acho que quem se mete a querer ser professor um dia já deve saber de tudo isso. Então vamos refletir mais, desencorajar menos, fazer o melhor que nos for possível dentro do que nos foi designado, tratar nossos alunos como iguais, querer o melhor para nós mesmos e para nossos próximos (o melhor para nossos próximos inclui o direito a um bom ensino, então, professores...), esperar menos, fazer mais e acreditar mais! Vamos, ao menos, tentar tudo isso, em nossa condição de humanos imperfeitos.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Alice - Lewis Carroll x Tim Burton

Aqui vão minhas observações do Word sobre o filme de Alice de Tim Burton em relação à história de Lewis Carroll. São apenas palpites... e talvez me sirvam p/ algo num trabalho da faculdade! Se alguém quiser ler, palpitar, à vontade...rs

Rainha Vermelha: A Rainha Vermelha de Tim Burton é uma mistura da Rainha de Copas e da Rainha Vermelha de Carroll (Alice’s Adventures in Wondeland/ Through the Looking-Glass). Suas ações são mais próximas às da rainha de copas (do primeiro livro das aventuras de Alice), como, por exemplo, o seu hábito de ordenar que cortem a cabeça das pessoas. A rainha de copas de Carroll, no entanto, não realiza de fato as suas maldades, pois ficamos sabendo que as pessoas que ela condenava à morte nunca eram executadas, o que a difere da rainha vermelha de Tim Burton, que era realmente ruim: graças a ela, Underland, como é chamada no filme, estava em ruínas. A rainha vermelha de Carroll e a de Tim Burton se assemelham no nome apenas, já que a primeira existia como uma peça de um jogo de xadrez e a segunda não. O filme de Tim Burton não faz menção a jogadas de xadrez, como faz o segundo livro das aventuras de Alice.

Rainha Branca: A Rainha Branca é delicada, bonita e jovem, no filme de Tim Burton. Diferentemente, a Rainha Branca de Carroll é mais velha, mal-vestida e distraída.

Rainha Vermelha e Rainha Branca: Na obra de Lewis Carroll, a Rainha Vermelha e a Rainha Branca existem como peças de xadrez, e suas cores simbolizam as cores de dois times opostos no jogo. Embora, é claro, elas sejam peças inimigas pelo jogo em si, a Rainha Branca e a Rainha Vermelha não agem como inimigas em Through the Looking-Glass. Já na adaptação para o cinema de Tim Burton, as Rainhas Branca e Vermelha, além de serem irmãs (muito diferentes por sinal), são inimigas, sendo a Rainha Branca boa e a Rainha Vermelha má.

O bem e o mal: Diferentemente da maioria das histórias infantis da época, as histórias de Alice de Lewis Carroll não se preocupavam em transmitir boa moral. Não há a presença do bem e do mal, como dicotomias estritas, nas histórias de Alice, prevalecendo, sempre, o nonsense. A adaptação de Tim Burton separou claramente o bem do mal, como totalmente opostos; no final, como obviamente esperado e comum, o bem vence, destruindo o mal. Até os filmes do Shrek quebram mais com a expectativa!

Sonho ou realidade? As duas aventuras de Alice de Lewis Carroll se passam durante o sono de Alice, embora a entrada para o mundo dos sonhos seja sutil em ambas. Carroll não explicita que Alice adormeceu, mas insere fatos do sonho no mundo real. No primeiro livro, Alice segue o coelho branco (de colete e relógio!) até sua toca; na sequência, Alice atravessa o espelho. Só no final das histórias é que sabemos, mais claramente, que tudo não passou de um sonho, pois Carroll explicita o acordar de Alice. Tim Burton subverte essa realidade e faz com que Alice descubra, depois de muitos anos, que tudo era, na verdade, real e não apenas sonho.

Coerência: Os habitantes de Underland de Tim Burton agem com certa coerência; a história segue uma sequência lógica de acontecimentos, para ter o desfecho anunciado no início: a luta de Alice e o monstro Jabberwocky. Nas histórias de Alice de Lewis Carroll, não há sequências lógicas e poucas vezes é obedecida a lei da causa e da conseqüência; os fatos vão apenas se misturando, os lugares se transformando... Há sentido nessa escolha se considerarmos que as duas sequências de aventuras que Alice de Carroll supunha reais são, na verdade, sonhos, enquanto a história de Tim Burton mostra justamente o contrário: o que Alice supunha ter sido seu sonho durante longo tempo de sua vida era, na verdade, real o tempo todo. Por isso, talvez, a história de Tim Burton obedeça mais a uma coerência, já que é “real”.

Chapeleiro Maluco: Até o Chapeleiro Maluco não é lá muito maluco nessa nova adaptação de Tim Burton. Ele está muito mais preocupado em salvar seu mundo do que com seu chá interminável que, aliás, termina bem rápido nesse filme. Além de ele estar muito politicamente engajado, ele mostra um carinho muito especial por Alice: ele tem certeza que ela é a Alice certa, ele a protege várias vezes e, no final, ele pede para que ela fique morando em Underland. O Chapeleiro Maluco de Carroll é realmente maluco, não tem ligação afetiva alguma com Alice e, ao que parece, não tem ligação afetiva com nada além de sua xícara de chá e de seu pão com manteiga! O único personagem das aventuras de Alice que é mais educado, atencioso e mostra se importar com ela é o Cavaleiro Branco (da sequência Throgh the Looking-Glass). Por esse motivo, ele é, inclusive, em análises, comparado com autor Lewis Carroll, pois simboliza seu afeto por Alice e seu tom melancólico ao se despedir dela que, na história, vira rainha e, na vida real, cresce. P.S. A dancinha do Chapeleiro Maluco, quando o monstro Jaberwocky é destruído e a rainha destronada, é bem boba e sem gracinha, assim como o fato de Alice arrancar a cabeça do monstro com a espada. Infantilizou bem!

Pontos positivos:

O pai: o pai de Alice não é mencionado nas histórias de Carroll, tampouco a mãe. A única parente mencionada na história é sua irmã, que ocupa papel pequeno. Achei interessante a idéia de dar um pai sonhador à Alice e explicar, assim, a origem de seus sonhos malucos.

A volta de Alice a Wonderland/Underland: Muito criativa a idéia de fazer com que Alice, agora mulher, retorne ao mundo de seus sonhos infantis. Adorei a parte em que os personagens de Wonderland se perguntavam se ela era a verdadeira Alice, quando ela cometeu os mesmos erros para passar pela porta, no início da história.

Jabberwocky: Interessante a idéia de fazer com que o famoso poema nonsense “Jabberwocky” fosse encenado na história. Os livros de Carroll mostram muitos poemas infantis, comuns à época vitoriana, sendo, de fato, vividos nas histórias de Alice (como nos capítulos “Tweedle-dum and Tweedle-dee”, “The Lion and the Unicorn” e “Humpty-Dumpty”). Tim Burton usou do mesmo processo, ao utilizar um consagrado poema (de Carroll!) e fazer com que os acontecimentos nele descritos fossem vividos em sua história. Só não precisava ter feito a menina descabeçar o monstro daquele jeito no final!!!!


A imagem ficou meio ruim, mas é o Jabberwocky dos livros de Alice (John Tenniel é o desenhista) e o Jabberwocky de Tim Burton.
Que fique claro, a melhor adaptação de Alice, na minha opinião, é o filme da Disney de 1951! AMO! :)

É isso...